Não
poder sair pra tomar uma cervejinha gelada com os amigos é realmente opressor.
Vai deixando a gente melancólico. Primeiro você sente falta das rotinas e
pessoas atuais, depois começa a voltar no tempo e quando vê está com saudade da
amiguinha que sentava na carteira ao lado na escola.
E olha
que fui casado duas vezes, mas nem no casamento era assim. Eu sempre consegui
fugir, ou de casa ou do casamento. Na prisão os caras socializam, mas nós não podemos. No meu caso, que moro sozinho, é como ficar
na solitária.
Claro que saio pra fazer coisas rápidas e necessárias durante
o dia e logicamente tenho algum trabalho pra fazer em casa, mas sobra tempo
livre demais. Aí você larga o livro, já viu um filme e vai ouvir um som no
computador. E começa a olhar pra rede social e sente vontade de escrever.
Enquanto está escrevendo em sua linha do tempo está bom. O pior é olhar para as
fotos das pessoas, muitas desconhecidas, e começar a achar que são de verdade.
Que podem interagir com você ou algo assim. Esse é o fundo do poço.
O melhor mesmo é começar a organizar as ideias aqui dentro da
minha cabeça, onde realmente tudo acontece. Aqui eu mando. Seleciono quem quero
ver, para onde quero ir, faço planos de fuga e traço metas inalcançáveis.
Pode até ser que o
mundo vá ficando mais interessante aqui no meu reino. É perigoso até que querer
ficar aqui pra sempre.