sábado, 20 de junho de 2015

Balão

Liberdade não é balão solto no ar, perdido, correndo risco de estourar. Liberdade é balão que dança ao vento, mas tem pra onde voltar. É se mover pelo mundo inteiro e saber que há porto onde atracar. E que nem tempo e nem espaço o irão tocar. Porque o vento que leva também o trará de volta.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Vivendo na rede

A internet em geral, e as redes sociais em particular, vêm se tornando ferramenta cada vez mais comum para as pessoas exporem suas angústias e suas alegrias. É a tese do filósofo MacLuhan, segundo a qual "o meio é a mensagem", em sua forma mais viva. A facilidade de se expressar de maneira instantânea frequentemente faz com que as pessoas se coloquem nuas diante de milhares de estranhos, devido à sua ansiedade de se comunicar, colocar para fora aquilo que estava gritando dentro delas, e que acham que o mundo também deveria ouvir. 
Não é necessário mais dirigir quilômetros, levar uma carta ao correio ou dar um telefonema para expor ideias. Uma mensagem bem colocada no Facebook repercute mais do que um outdoor exposto durante 15 dias num ponto mal escolhido ou um artigo publicado em jornal de pequena circulação. 
Essa facilidade de se externar ideias mostra o lado bom e o ruim do ser humano, refletindo exatamente o que acontece na vida real. Tanto aqui como lá, podemos encontrar frivolidade, maldade e preconceito, assim como sensibilidade, solidariedade e poesia. Todo o espectro de cores com as quais fomos desenhados está em um e no outro espaço. Apenas ficou mais fácil demonstrar o que somos, seja para o bem ou para o mal. 
Mesmo os que sentem necessidade de vender aquilo que não são, também o fazem aqui fora. Em alguns casos, a rede pode até mesmo ajudar a desvendar algumas farsas, revelando muito sobre seus autores.
Tem muita gente na internet mostrando sua face mais sórdida, mas, isso eu vejo de longe, pois a maioria não está na minha "lista de amigos", seja aqui dentro ou lá fora. Do meu ponto de vista, enxergo essencialmente muitas pessoas procurando recomeçar e ansiando por um futuro melhor, ainda que entre um bocado de lágrimas e uma ou outra onda de desânimo. Em outras palavras, gente que está vivendo.

Sobre (im)perfeição

Um dia acabamos aceitando que não vai existir hora nenhuma em que não estaremos cometendo algum tipo de falha, seja em qual for a área de nossa vida. Ninguém vai estar ao mesmo tempo completamente satisfeito com sua vida profissional, sentimental, intelectual, etc, etc, etc, o que é bom, porque a insatisfação nos mantêm caminhando. 
É a lei da natureza: Se concentro minhas energias nesse setor aqui, perco um pouco naquele ali e assim por diante. Alguma coisa sempre escapa quando temos pratos demais rodando em nossas varetas de malabarista. Não podemos controlar tudo. Acharia muito estranho se alguém dissesse que está completamente feliz em todas as áreas de sua vida e que não mudaria absolutamente nada em lugar nenhum.
Quando nos resignamos com essa condição de entes imperfeitos e nos perdoamos por isso, podemos parar de esperar que todos os planetas estejam alinhados e que cada pedacinho de nossa vida esteja funcionando na mais completa ordem para que, aí sim, possamos finalmente ser felizes. 
Passaremos a acolher pequenos momentos de felicidade sem fazer cara de quem recebeu uma esmola, só porque a maravilha que imaginávamos que a vida deveria ser não vai acontecer. Nos cobraremos menos e perceberemos que nossa caminhada se faz assim, um dia de cada vez, sem planos mirabolantes, ou pelo menos sem que tudo pare se eles não derem certo. E com uma ou outra besteira sendo cometida por essa gente defeituosa que somos.

Pertencimento

Há mais ou menos 20 anos, um amigo sempre vinha com conversa fiada de que queria morrer, ia se matar, etc... Do alto de minha "sabedoria" de vinte e poucos anos, um dia lhe disse que não poderia se matar, porque sua vida não pertencia somente a ele. Foi o melhor que pude fazer. Falei que a maior parte dele pertence às pessoas que o amam e que ficariam arrasadas se fizesse aquilo. E, por isso, não tinha direito de tirar a própria vida. Tanto tempo depois, vejo que o raciocínio não deixa de fazer sentido. Se alguém põe um revólver na sua cabeça, por exemplo, você logo diz ao bandido que tem uma filha, uma mulher, uma mãe, um amigo, um cachorro ou sei lá mais quem que precisa de você. É por isso que as pessoas querem ficar vivas, umas pelas outras. Afinal, quem não tem ninguém vai ficar fazendo o que aqui?

Idade

Não importa qual seja a sua idade, nunca diga que está velho demais para qualquer coisa. Dez anos depois, você sempre se arrepende.

Amizades

Seja você artista, político, jornalista, musicista, maquinista, diarista ou o diabo que te carregue. Durante sua vida, você terá uma ou outra pessoa digna de chamar de amiga. Se não me engano, o recorde mundial em todos os tempos foi de oito ou nove durante uma existência. Portanto, não se engane: Você - apenas mais um na multidão, assim como eu - nunca terá mais do que três ou quatro amigos.

Escolha

Mais cedo ou mais tarde tudo na vida, inclusive ela própria, cumpre seu ciclo e deixa de existir. Desde o brinquedo que acabou de sair da caixa brilhando, cheio de promessas de diversão, mas um dia perde o viço e é deixado num canto, até um relacionamento que parecia eterno e termina em desapontamento e mágoas ou simplesmente se esvai lentamente. Tudo uma hora morre. Quando se viveu o suficiente para ter essa clareza, restam dois caminhos a escolher: Passar os dias constantemente amargurado, sempre antecipando a perda daquilo que se tem ou valorizar ainda mais o presente, para que no amanhã não sobre nenhuma sensação de que tudo poderia ter sido melhor aproveitado.

Perdas e Danos

A vida é feita basicamente disso: As perdas que sofremos ao longo do caminho e a maneira como gerenciamos os danos que elas nos causarão dali em diante.

Ainda

Ainda há tempo pra tudo. A hora de desejar só termina com o último suspiro. Ainda há segredos a serem descobertos. A novidade só cessa quando fechamos os olhos pela última vez. Ainda há tempo.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Saindo de campo

E todos os jogadores deixaram o gramado, um a um, conscientes de que acertaram algumas jogadas e deram também uma ou outra canelada. Certos de que a partida foi disputada com honestidade, palmo a palmo, ainda que lesões tenham ocorrido de lado a lado. No entanto, nada proposital. Faz parte do jogo. Nada que vá atrapalhar o desempenho dos atletas em futuras jornadas. Agora, é colocar bastante gelo nos hematomas, pensar em todas as falhas de posicionamento e execução e, de cabeça erguida, pensar na próxima rodada.

A palavra

A palavra tem força. Ela sai do coração, varrendo artérias, vencendo obstáculos, destruindo inibições, contradizendo preconceitos, catalisando sentimentos, jorrando conceitos, antedizendo ações, edificando pontes e formalizando intenções. Nós somos a palavra e a palavra somos nós.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Estreias

Nada é tão prazeroso na vida quanto fazer algo ou sentir uma experiência pela primeira vez. Mas, e quando você ainda tem "primeiras vezes" aos 43 anos? Não é uma idade em que já deveríamos ter feito e sentido tudo? Ou as estreias são eternas?