sexta-feira, 27 de março de 2015

A lição do tempo

O tempo nos ensina a amar. O tempo ou a insuficiência dele. Quando começamos a perceber que não somos imortais como pensávamos ser anos atrás, passamos a dar menos importância ao que não é amor. Um presentinho bobo que sua mãe lhe traz da rua hoje significa imensamente mais do que há duas décadas. Naquela época, riríamos e o jogaríamos de lado. Mas hoje ela tem 80 anos. Então, seguramos o presente e o guardamos em local seguro, como se fosse uma boia que nos salvará da dor inevitável da perda, o símbolo da eternidade que desejamos e nunca teremos. Conforme vão passando os anos, o tempo vai ensinando-nos a dar o valor devido à família, aos amigos e aos amores. A quem amamos e a quem nos ama. Ele nos ensina que o único motivo pelo qual estamos aqui é para amar. Porque amanhã ou depois, quando estivermos mortos, nenhuma vaidade, nenhum orgulho, nada do que não seja amor nos definirá. Só o amor nos guiará em direção à eternidade.

Diluição

Em alguns dias podem me ver triste. Mas alguns dias diluídos na grande alquimia da vida apenas quebram a monotonia de um quadro que é tudo, menos monocromático. E que, na conclusão da obra, será tudo, menos triste.

Perfeição

Ser irremediavelmente perfeccionista quando se é imperfeito e se vive em um mundo de imperfeições é a fonte de milhares de ansiedades, angústias e atos conscientes ou inconscientes de autoflagelo, em maior ou menor grau. A busca do equilíbrio exato entre aceitar-se errado e seguir tentando ser correto também traz sofrimento. É por isso que precisamos fugir. Música, literatura, cinema, esportes, trabalho, drogas, religião, moda, estudos, violência, viagens, caridade ou sexo. Qualquer maneira de nos afastarmos de nós mesmos, um pouco que seja, alivia a tensão por sermos como somos.