sábado, 31 de maio de 2014

King e a sonzeira


O escritor norte-americano Stephen King gosta de abrir ou terminar os capítulos de seus livros com citações de letras de rock. Algumas de suas bandas preferidas são AC/DC, Rolling Stones, The Who e Ramones. E como em muitos casos a admiração é recíproca, algumas bandas gravaram músicas especialmente para ele, como é o caso do Ramones, com Pet Sematary, música tema do filme originado por seu livro, ou o AC/DC, que gravou Who Made Who para o filme Maximum Overdrive, primeira e última experiência de King como diretor de cinema. De vez em quando, ele tira do fundo do baú citações de clássicos da música Pop dos anos 50, 60 e 70, quando se fez o melhor som nesse estilo. Além de ser mestre em contar histórias de suspense e terror psicológico, exímio explorador dos medos coletivos e pessoais do homem moderno, Stephen King é amante e profundo conhecedor de música.

Para quem se interessou pelo assunto, vale a pena clicar nesse link, que lista algumas das músicas citadas em cada livro: http://stephenking.livejournal.com/607334.html


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Preguiça



Às vezes dá preguiça extrema. De sons, imagens, odores, toques, sabores, dissabores e humores. De pessoas, do mundo, do submundo e do intramundo. Do passado, do presente, do futuro e do além. Do que fui, do que sou, do que serei e do que não mais estarei. De caminhar, de rastejar, de correr, de morrer. De ir, de ficar, de estar. De sorrir, de chorar, de gritar, de lutar, de viver. Preguiça.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Retorno


Frequentemente eu me perco. Viro a esquina errada, escolho um atalho que parece convidativo, mas que leva a um beco sem saída, faço meia volta e, no meio do caminho, quando estou quase chegando, entro de novo numa viela suspeita e desperdiço mais meia hora. Depois ando quilômetros e quilômetros em linha reta, a toda velocidade, só pra descobrir que estou exatamente no sentido contrário ao que deveria estar. Volto, vou fazer a rotatória e entro na rua paralela à avenida certa, pergunto a direção pra alguém, mas cometo a proeza de virar no segundo semáforo em vez do terceiro e novamente vou parar a uma distância enorme do meu destino. Sempre me perco. Mas sempre consigo voltar.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Graça Sob Pressão


Sempre gostei bastante dessa imagem, que faz parte do trabalho de arte gráfica que o designer Hugh Syme executou para o disco "Grace Under Pressure", da banda canadense Rush, lançado em 1984. A própria expressão que dá nome ao disco tem um significado bastante forte e essa fotografia em particular a define muito bem.
"Grace Under Pressure" pode ser traduzido livremente como "Graça Sob Pressão", ou seja, a atitude serena que uma pessoa consegue manter mesmo diante de prazos apertados de entrega de um trabalho ou de pressões diversas e olhares desconfiados sobre qualquer tipo de atividade que esteja executando. É a capacidade de se manter frio e confiante, mesmo vivendo sob intensas atribulações.
É mais ou menos o cotidiano de todos nós no mundo de hoje, em que ondas crescentes de violência e demonstrações explícitas de ignorância nos cercam e tendem a nos deixar deprimidos, fazendo com que seja um desafio cada vez maior viver com esperança de que dias melhores nos aguardam. Cada esquina que dobramos se tornou um desafio perigoso nesses tempos sombrios e, mesmo assim, devemos encontrar forças para que nada disso contamine nossa alegria de viver, nossa capacidade de amar, de trabalhar, de sermos felizes. Haja graça sob tanta pressão.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Desapego


Não sei se já falei pra alguém, mas o fato é que nunca estive tão em paz na minha vida. A paz que vem do desapego de tudo, inclusive da própria vida. E isso não é ruim. O desapego te faz enxergar o mundo de outra perspectiva, prestando mais atenção no plano geral e não em pequenos detalhes que só nos poluem a visão. Não sei se é o passar dos anos ou o acúmulo de experiências - quase a mesma coisa, mas nem sempre -  mas uma hora o futuro passa a não ter tanta importância. E a gente aproveita de bom grado todos os presentes que a vida nos dá. O desapego tira a ansiedade. Nos faz aproveitar melhor o acaso, que é uma de nossas maiores dádivas. Como escreveu Paulo Leminski, "o que vier, eu assino". Assino também, inclusive embaixo do que ele escreveu. Sobre o passado, nada importa. Estou em paz em relação a ele também.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Paciência


Se um dia conheci uma pessoa sábia foi meu pai. Não porque era meu pai. Mas porque era sábio mesmo. Quem conheceu sabe. O que eu aprendi de mais importante com ele foi que, para se viver bem, é preciso basicamente ter muita paciência. Para um ansioso patológico é difícil absorver essa lição. Mas ela anda sempre comigo.

Tortos


Quando a gente nasce torto, o cuidado precisa ser redobrado. Tem que prestar atenção direitinho onde pisa, em qual esquina vira, pra quem pede informação, em quem confia, pra onde a trilha leva. Precisamos voltar pra casa direitinho, íntegros. Ou, pelo menos, com poucos arranhões. E de preferência que os arranhões sejam de paixão e não de ódio.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Gratidão



Se eu morrer hoje, está bom demais. Tive uma vida ótima. Fiz amigos, me diverti, ri bastante, assisti muitos shows, tive minha cota de amores e desamores, alegria, choro, tudo na medida correta. Mas isso não quer dizer que eu quero morrer. Pelo contrário, quero viver muito mais e buscar o dobro do que conquistei até aqui. Mas é que, vez ou outra, vejo notícias de moleque de 18 anos que teve um ataque do coração fatal na academia ou praticando esportes e penso: porra, o que eu estou fazendo vivo? Tem criança que morre de câncer e isso é muito triste. É aí que eu penso: se eu morrer hoje tive o privilégio de ver bastante coisa, muito mais do que essas pessoas que morreram tão cedo. Então, se eu morrer agora, está bom demais. Queria ter feito muito mais e provavelmente farei. Mas sou grato pelo que tenho.Não é vontade de morrer. É gratidão.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Dádiva


Será que o fato de nada na vida ser absolutamente garantido exceto a morte - e mesmo esta vir sem hora marcada - não é justamente o que faz essa nossa pequena aventura ter graça? Em vez de ficarmos ansiosos pela imprevisibilidade, não deveríamos justamente aproveitar o inesperado como uma grande dádiva?

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Doenças do coração


Paixonite aguda só faz mal quando se torna crônica. Neste caso, ela deixa de ser paixonite e passa a ser denominada como paixão. Por sua vez, a paixão só faz bem quando evolui e se torna amor, que é o último estágio da doença. O amor não prejudica ninguém. Quanto mais o paciente adoece, mais próximo da cura ele chega.

Ainda sobre o tempo


O tempo é, na mesma medida, nosso melhor amigo e nosso mais cruel inimigo. Ele dá com uma mão enquanto tira com a outra. Para o bem ou para o mal, o tempo é tudo o que temos.