O tiozinho que vende doces na calçada, em
frente ao posto de saúde, conta piadas para alegrar a fila de idosos e mães com crianças de colo
que acordaram às quatro da manhã pra conseguir seu remédio, enquanto disfarça a
dor de um divórcio recente. O senhorzinho mais assíduo e alegre do bar, que
fica na última rua do bairro mais afastado do centro da cidade, sempre está
disposto a fazer todos rirem, enquanto guarda no peito mágoas que o matam um
pouquinho a cada dia. A senhorinha que faz café e serve aos empresários mais
ricos, reunidos na sala anexa à do prefeito, sempre agrada a todos com seu
sorriso simpático, antes de encerrar mais um dia de trabalho e se dirigir ao
turno da noite, para cuidar com amor e paciência de seu filho com paralisia
cerebral. Ninguém nunca soube. Jamais alguém saberá.
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