quarta-feira, 2 de abril de 2014

Olhar renovado


Um dos aspectos ruins de ir ficando mais velho é você ter que contar a uma pessoa que acabou de conhecer histórias que você já contou 2.472 vezes a outras pessoas. O bom disso é que você acaba se forçando a encontrar maneiras diferentes de contar a mesma história, para manter a força das palavras, que dá veracidade aos relatos. E esse esforço fica mais fácil quando se leva em consideração que aquela pessoa que está na sua frente nunca ouviu sua história antes e, por esse motivo, não tem nada a ver com o seu enfado. É como uma banda com 30, 40 anos de estrada tocando a mesma música turnê após turnê. Ela tem que se esforçar para tocar como se fosse a primeira vez, por mais forte que seja a tentação de ligar o piloto-automático.
Talvez a vida seja isso mesmo: uma sucessão de experiências que vão nos cansando e, ao mesmo tempo, nos estimulando a encontrar novas maneiras de caminhar. Sem esse espírito de renovação, caímos na inércia e acabamos seguindo caminhos que não escolhemos. A vida pode ser encarada de frente quando contemplamos o mundo, tanto interior quanto exterior, com olhar renovado, redescobrindo diariamente motivos para estarmos aqui e o que, afinal de contas, queremos dividir com as pessoas que estão ao nosso redor.

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