quarta-feira, 2 de abril de 2014

Todos nós


Todos nós vamos morrer. Eu, você, todo mundo. Aquela pessoa que você tanto ama, e sem a qual não consegue viver, vai morrer. Aquele vizinho com quem você brigou porque reclamou do som alto no seu quarto, certamente um dia morrerá. A menina que você beijou na escada da agência dos correios não vai escapar da morte. O artista que compõe músicas maravilhosas e sempre te inspira nos momentos ruins? Más notícias: Sua hora chegará também. A moça de pele perfeita e sorriso inebriante das telas de cinema? Antes ou depois de perder o viço, também morrerá. A vovozinha que faz aquele bolo maravilhoso, que torna suas tardes de sábado mais felizes, hora ou outra também vai morrer. A paixão de quando era criança, o garoto com quem sempre brigava na saída da escola, a mulher que ainda nem conheceu e com quem se casará, a caixa da padaria que vendeu aquele pão de queijo hoje de manhã, o mulherão que lavava a calçada com um vestido curto na esquina da casa do seu tio na última quarta-feira, o sobrinho do seu amigo que passou no teste para jogar no juvenil do Santos, a mulher que começou a trabalhar na casa da sua prima, mas acabou indo embora antes de terminar o período de experiência, o fotógrafo que tirou sua foto 3x4 quando precisou de uma segunda via do RG, a instrutora de hidroginástica da sua tia, o baterista que te impressionou naquele show no SESC, o cara que tentou consertar seu computador, mas acabou fazendo uma tremenda besteira, a menina que pensava em você vez ou outra, mas você nunca soube, por inabilidade mútua, o funileiro que fez um desconto para deixar seu carro novinho porque conhece seu patrão, o marido da revisora da revista onde trabalhou por duas semanas e três dias. Pessoas intensas, que ainda tinham muito a dizer ou quem só vagava por aí, sem ninguém notar. Sinto muito. Não sobrará ninguém.

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